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Simone De Beauvoir - Blog Posts

2 months ago

there is another life but nothing really can be changed once you are the main characters of sentimental tragedy of one soul trapped in different bodies

There Is Another Life But Nothing Really Can Be Changed Once You Are The Main Characters Of Sentimental

am I reincarnation of Simone de Beauvoir or why do I feel every single line from the inseparables


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3 weeks ago

Durante um intervalo específico da minha trajetória — três ou quatro anos de erosão sutil — experimentei uma forma silenciosa de desconfiguração subjetiva. Não por ausência de amor-próprio, mas talvez por uma crença quase ingênua de que a entrega genuína seria, por si só, suficiente para transformar o outro. Essa expectativa — alimentada por vínculos emocionalmente negligentes — expôs-me à mais corrosiva das experiências: a de ser instrumentalizada afetivamente por presenças que jamais se interessaram pela minha inteireza. Não se tratava de conflito ou confronto direto, mas de um tipo de apagamento cotidiano, onde a indiferença se travestia de convivência e o vínculo era apenas um espelho opaco.

O mais inquietante, contudo, não foi o abandono em si, mas o deslocamento interno que ele provocou: a dúvida sobre a solidez do meu próprio caráter, a suspeita de que talvez os meus princípios — outrora tão firmes — estivessem obsoletos diante de uma realidade afetiva cada vez mais líquida e utilitária. Como escreveu Beauvoir, “ninguém é inocente, pois todos somos responsáveis uns pelos outros”; mas o que fazer quando essa responsabilidade se transforma em autoaniquilação?

A dor, nesse contexto, não foi apenas emocional — foi epistêmica. Foi preciso revisitar a ética da minha entrega, reexaminar os critérios do meu afeto, reconstituir a narrativa da minha subjetividade. Esse processo, embora árduo, não foi em vão. Ele gerou um tipo raro de lucidez: a de compreender que o amor, para ser legítimo, precisa reconhecer a alteridade sem colonizá-la. E que o afeto sem escuta é uma forma de violência simbólica.

Hoje, essa experiência permanece em mim não como trauma, mas como estrutura crítica. Carrego comigo não a mágoa, mas a sofisticação do olhar que aprendeu a distinguir reciprocidade de projeção, presença de performance, cuidado de controle. E se algo permaneceu inabalável, foi a consciência de que o meu gesto amoroso não será jamais desperdiçado em ausências disfarçadas de vínculo. Porque, como diria Clarice, “o que me dói é saber que sou real num mundo onde o real escapa”.


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